sábado, 30 de março de 2013

Pão de Ló da zona de Margaride


Este pão de ló é uma dos bolos que não podem faltar cá em casa no Natal e na Páscoa.
Comprei durante muitos anos a uma senhora que o fazia, com muito amor,e de uma forma primorosa! Tinha uma receita que herdara e que não dava a ninguém... só o filho sabia o segredo.
Infelizmente esta senhora deixou de fazer pão de ló, e o filho, que eu saiba, não continuou o tradicional negócio da mãe...com muita pena minha!
Tive então que procurar um parecido, já que igual, era impossível!
Pesquisei em todo o lado e, um dia, já lá vão dez anos! descobri na Net (em Gastronomias.com) uma receita que me pareceu ser o "verdadeiro"... experimentei logo a receita, e posso dizer-lhes que é fantástico! Faço-o sempre, pois é daquelas coisas que não podem faltar, pelo menos duas vezes no ano!!!

Aproveito para contar a verdadeira história da origem desta iguaria que encontrei no blogue http://asenhoradomonte.com/

A freguesia de Margaride pertence ao distrito do Porto. A povoação de Margaride foi elevada à categoria de vila de Felgueiras, por carta de D, Maria II, datada de Março de 1846.
O fabrico do pão de ló ou pão leve, em Margaride data de há mais de dois séculos proveniente de uma mulher chamada Clara Maria. Quando esta morreu a senhora que vivia consigo, Antónia Filix cujo sobrenome desconhece-se continuou a fabricar pão de ló, tendo em sua companhia Leonor Rosa que tinha ficado ao encargo e cuidado da sua patroa Clara Maria. Leonor aqui viveu até aos 16 anos, tendo sido raptada e mais tarde veio a casar-se com o seu raptor.
Nessa altura foi para Lixa fabricar pão de ló.
A primeira fábrica de pão de ló, ou pão leve, de Leonor Rosa, foi montada numa casa, situada no lugar do Tanque, na povoação de Margaride, pois então ainda não tinha a categoria de vila, casa essa que foi demolida, onde está hoje uma casa grande de dois andares.
Mais tarde Leonor veio a casar pela segunda vez mudando-se para a residência do segundo marido, onde actualmente está instalada a fábrica de pão de ló de Margaride.
Anos mais tarde, Leonor Rosa ficou viúva e resolve casar-se com o marido da sua criada.
Leonor Rosa da Silva felece a 9 de Julho de 1898, sem descendentes e instituiu como herdeiro o seu terceiro marido – Joaquim Luíz da Silva, por testamento datado de 12 de Julho de 1877. Joaquim Silva ao falecer em 1909 deixa como seu herdeiro o seu irmão José Maria da Silva falecido em 1940. José Maria Lickfold da Silva herda, então, de seu pai a fábrica do Pão de Ló de Margaride – Leonor Rosa da Silva, Sucr.
Leonor Rosa durante mais de cinquenta anos de trabalho consegue tornar conhecido, em Portugal e no Brasil, o seu pão de ló de Margaride. Foram fornecedores da Casa Real.

Na foto que publico, extraída daquele que eu considero uma "bíblia" da culinária - "Cozinha Tradicional Portuguesa" de Maria de Lourdes Modesto, pode ver-se um verdadeiro Põ de Ló de Margaride, com os carimbos que o caracterizam.


A receita

Ingredientes:

  • 19 gemas + 6 ovos inteiros
  • 500 g açucar
  • 250 g farinha
  • raspa de 1/2 limão
  • uma pitada de sal


Preparação:

  • Batem-se os ovos com o sal o açucar e a raspa da casca de limão durante meia hora. Numa batedeira eléctrica bate-se durante 20 minutos.
  • Junta-se a farinha envolvendo-a bem na mistura de ovos.
  • Forra-se uma forma com 4 folhas de papel almaço, previamente untadas e deita-se dentro o preparado.
  • Leva-se a cozer durante durante aproximadamente 45 minutos em forno quente, 200º, coberto com uma folha de alumínio, ou o que será ideal, com uma forma igual, com o papel metido dentro da forma.
  • O autêntico pão-de-ló de Margaride é cozido em forno de lenha em formas de barro não vidrado. Estas formas constam de três tigelas, duas iguais e uma mais pequena, sendo esta colocada invertida no centro de uma das outras tigelas formando um cano. Depois de forrada com papel grosso, em quadrados sobrepostos, a massa é aí deitada, os bicos do papel virados para dentro e depois tapada com a outra tigela









Amanhã vou ter que fazer outro :)

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